
O conceito de Educação Quilombola envolve dois aspectos básicos: 1) as escolas quilombolas; 2) as escolas que atendem os estudantes quilombolas. Compreende-se dentro disto que, Escola Quilombola é toda aquela que se localiza dentro de território quilombola. Dentro disto, devemos compreender o conceito de Sociedade, Educação e Quilombo. Sociedade é tudo aquilo que se pressupõe de convivência e atividade humana conjunta, ordenada ou organizada conscientemente. Educação é, no sentido amplo, o meio em que os hábitos, costumes e valores de uma comunidade são transferidos de uma geração a outra seguinte, assim continuamente e, Quilombo é a comunidade formada pela fuga de negros, índios e brancos pobres do regime de trabalho forçado, alienado e desumano. Na Educação este conceito torna-se amplo visto que envolve a família, a convivência, os relacionamentos profissionais e o que se vivencia nas escolas e em outros polos da comunidade.
Ainda há poucas informações sobre a taxa de escolaridade, evasão ou aproveitamento, ou seja: indicadores sobre a educação em comunidades quilombola. Até a contemporaneidade os quilombolas lutam para conquistar não só o direito de acesso, mas por condições de permanência e bom aproveitamento em uma escolarização que valorize a sua identidade, cultura e os seus valores. Para compreendermos o que é educação quilombola temos que adentrar nos conceitos de Unidade, Diversidade e Pluralidade. Unidade é a dimensão de identidade que é comum a todos/as quilombolas referentes à sua relação com a terra, territorialidade e ancestralidade. Diversidade são as diferenças culturais nesses territórios, presentes em todas as regiões do Brasil. Cada quilombo tem uma identidade própria porque existe a relação com a diferença de modo a exercitar a interação, o respeito mútuo e a convivência, ou seja, a Pluralidade. É neste caso que o conceito Jije Otün, o direito de ser do quilombola quando pensamos que a atuação de diversos campos de educação torna-se essencial em sua importância porque ela influencia o modo de pensar e de ser de todo o membro da comunidade. É necessário desenvolver uma escolarização inclusiva, com múltiplas referências, que respeite a convivência com a diversidade, que desenvolva práticas educacionais orientadas pelo respeito às identidades e a multiplicidade cultural, que envolvam pais e filhos. Temos que levar em consideração que os quilombolas têm especificidades relacionadas à região, cultura e religião que os diferenciam entre si e que precisam ser consideradas na formulação das propostas educacionais. A família neste caso torna-se a primeira mediadora entre homem e a cultura, matriz da aprendizagem humana, com significados e práticas culturais próprias que geram modelos de relação interpessoal e da construção individual e coletiva. A ancestralidade é uma forte característica das comunidades quilombolas, herança de seus antepassados africanos. Observa-se que as novas exigências centradas na venda e consumo requerem um orçamento familiar maior, relegando assim, de maneira não espontânea, a educação dos filhos e o acompanhamento de sua vida escolar. Dentro disto podemos observar também que, quanto maior a evolução educacional da geração atual há um distanciamento da geração anterior que, apegada a valores ancestrais, desenvolvem um não interesse pela questão, tornando-se um desafio para fomentar o interesse pela escolarização dos filhos.
Franco Adriano dos Santos:.
(Professor & Africanista)
Referências:
● Unoeste (http://www.unoeste.br/site/pos/enapi/2011/suplementos/documentos/Humanarum-PDF/CDEduca%C3%A7%C3%A3o.pdf)
● Portal Raízes (http://portalraizes.org)
● Fundação Cultural Palmares (http://www.palmares.gov.br/)
● Ancestralidade Africana (http://ancestralidadeafricana.org.br/)
● Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (http://www.seppir.gov.br/)
● Escola Municipal Aleixo Pereira Braga I (Quilombo Mesquita, Cidade Ocidental, GO).